10/07/2023
Autor: Americo Melo
Marcada pela chegada da frente fria ou da temporada de chuva em grande parte do país, as férias escolares de meio de ano muitas vezes são um desafio para as famílias. Afinal, como ajudar as crianças com o tempo livre sem poder sair tanto de casa?
Além disso, com a economia pouco favorável, viajar nem sempre é uma opção e muitos pais, mães e cuidadores acabam se afligindo sem saber ao certo como “ocupar o tempo” dos pequenos enquanto, muitas vezes, eles próprios não conseguem tempo livre no trabalho.
Para ajudar as famílias neste momento, separamos a seguir algumas reflexões e ideias interessantes que podem inspirar as férias. Se você é educador(a), envie essas dicas para as famílias de seus alunos!
Circuitos de brincadeiras ou ideias de gincanas no ambiente doméstico são sempre um atrativo, especialmente para as crianças na fase do Ensino Fundamental. Contudo, a depender da idade, essas atividades podem gerar um tempo extra do cuidador, que precisará ajudá-las a preparar o ambiente.
Mas não se deixe abater por isso! Para começar, você pode pensar em circuitos simples, como túneis de caixas de papelão e labirintos feitos de fita adesiva que podem ser facilmente retirados depois que a atividade terminar. E, lembre-se, é claro, de contar com a participação da criança em todo o processo de montagem. Veja aqui outras ideias de brincadeiras.
Uma das primeiras recomendações são os jogos analógicos. Além de ajudar a desconectar da tela, eles podem garantir entretenimento por horas, ou até mesmo por dias, a depender do estilo e possibilidades de interação. Jogos tradicionais como quebra-cabeças, xadrez, damas e até mesmo o jogo da velha podem ajudar as crianças a melhorarem o raciocínio lógico e a capacidade de prever os movimentos.
Na internet, você pode encontrar versões a preços populares, mas é sempre possível incentivar as crianças a criar seu próprio tabuleiro e adaptar as peças com brinquedos que elas já tenham em casa (e garantir algumas horas a mais de entretenimento).
Para as crianças menores, entre zero e quatro anos de idade, as atividades sensoriais são não apenas divertidas, mas também ajudam em seu desenvolvimento motor e cognitivo. Elas são indicadas pela pedagogia Montessori por ajudar nesses aspectos e podem render alguns momentos de sossego para os pais enquanto as crianças interagem com os brinquedos.
Algumas ideias são as brincadeiras com tintas em saquinhos plásticos que evitam a sujeira no ambiente; as garrafas sensoriais com elásticos e fitas coloridas; e também os brinquedos de madeira de encaixar com peças em tamanhos adequados para a faixa etária.
Não importa a idade, essa atividade sempre rende horas e até mesmo dias de diversão. É claro que nesse momento é preciso abrir um pouco de espaço na organização da casa e permitir um certo nível de “bagunça”, já que será preciso arrastar móveis e colocar panos ou tendas para simular um acampamento, mas se a brincadeira tiver combinados em relação a arrumação posterior, as crianças irão se divertir e aprender um pouco de responsabilidade com o espaço.
Sabe aquele cantinho de leitura que fica lindo nas fotos das redes sociais? Você pode aproveitar as férias para montar um espaço assim com as crianças. E não precisa de muitos recursos. Até mesmo com caixas de papelão e algumas almofadas já é possível montar um espaço confortável e longe das telas onde as crianças sintam vontade de ficar para ler por alguns minutos ou horas ao longo do dia.
Para incrementar a biblioteca, uma ideia é verificar a possibilidade de empréstimos de livros na escola antes do período de recesso, ou recorrer às bibliotecas públicas e espaços de troca de livros – assim você incentiva a leitura sem precisar ter muitos custos.
Férias são sempre interessantes para despertar nas crianças novos interesses por habilidades manuais. Não necessariamente elas se tornarão adeptas por toda a vida, mas podem aproveitar esses momentos para relaxar um pouco das telas e treinar habilidades motoras. Ideias como origami, costurar roupas para vestir os brinquedos e fazer artesanatos com itens naturais e reciclados são apenas alguns caminhos.
Nesse caso, o uso da internet é recomendado apenas como fonte de inspiração e na busca de tutoriais. Lembre-se ainda que a criança pode ficar frustrada ao longo do processo por não conseguir criar um item tão perfeito como ela visualizou ou imaginou, mas incentive-a a continuar tentando e não deixe que ela fique desmotivada no primeiro erro. Afinal, lidar com a frustração e estimular a persistência também faz parte do desenvolvimento socioemocional.
Se você tiver a possibilidade de levar as crianças para o ambiente externo, opte sempre por espaços abertos com natureza, como parques e praças. Além de ser mais saudável, atividades ao ar livre são comprovadamente um incentivo ao desenvolvimento cognitivo e também emocional das crianças.
Nesses espaços, incentive-as a correrem livremente e também a brincarem com itens da natureza, como galhos, folhas e conchas, deixando os brinquedos de plástico para outros momentos. Isso significa que você não precisa ficar carregando uma infinidade de brinquedos para elas usarem nesses ambientes, pois o próprio ambiente será um incentivo natural.
E se você está preocupado com a exposição das crianças ao frio ou até mesmo à chuva, vale lembrar a máxima do pediatra brasileiro Daniel Becker, defensor da pediatria integral: “não existe tempo ruim, existe roupa inadequada”. Ou seja, desde que a criança esteja devidamente agasalhada e com roupas à prova de chuva, nada impede que ela brinque um pouco fora de casa.
Para finalizar, gostaríamos de deixar algumas recomendações importantes e que podem ajudar as famílias durante as férias.
Deixar a criança “sem fazer nada” não é sempre ruim. Crianças brincam naturalmente e, embora o tempo livre possa ser assustador para alguns adultos, ele não deve ser visto como um desafio. “Ficar no ócio não necessariamente é estar entediado. Essa pausa pode ser importante para a criação de novas soluções e ideias em relação a nossa vida”, como já explicou Joana London, psicóloga e gerente pedagógica do LIV, em um post bem interessante sobre tédio e ócio na infância.
Por mais que você tenha vontade de colocar todas essas atividades que citamos em prática durante as férias, reserve momentos nos quais a própria criança possa escolher o que fazer. Nesses momentos livres é provável que, por hábito, elas recorram às telas como primeira opção, e é papel do adulto ajudá-las a pensar em outras possibilidades, restringindo o uso de celular, computador e tablets a poucas horas por dia.
Quando a criança entra na fase da pré-adolescência e posteriormente adolescência, muitos adultos julgam seus momentos de entretenimento e questionam o fato de elas já “estarem grandes demais” para fazer jogos e brincadeiras. Mas a verdade é que brincar é inato do ser humano e não tem idade para isso acabar. Incentive que elas brinquem com atividades e jogos mais complexos, e que também busquem tempo fora das telas, sem julgá-las por isso nem cobrar um amadurecimento precoce e desnecessário.
Se você gosta de uma rotina bem planejada, sabe que esse planejamento é apenas uma ilusão quando se trata de crianças e adolescentes. Você pode ter as ideias mais maravilhosas e, no dia que planejou, seu filho ou filha acordar indisposto ou mal-humorado, ou até mesmo mudar de ideia no meio de uma brincadeira. Nessas horas, ter outros planos pode salvar o dia. Mas se mesmo com uma infinidade de ideias eles não quiserem se dedicar ao que você planejou, lembre-se do que falamos nos itens acima: sentir tédio e brincar livremente sem planos não é um problema!
Esse contéudo foi produzido pelo LIV, Laboratório Inteligência de Vida, que é o programa de educação socioemocional utilizado pelo CAM, através dele criamos espaços de fala e escuta com os nossos alunos, ampliando a compreensão de si, do outro e do mundo.
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